Nos últimos anos, a Educação Infantil vem passando por muitas transformações e desafios no que diz respeito às mudanças de paradigmas e concepções. O primeiro passo para lidar com essa situação é entender que a criança assume um novo lugar e, por isso, é necessário que várias questões referentes ao “cuidar, educar e ensinar” sejam repensadas e transformadas.
E o que é ser um profissional da
educação infantil nesse contexto?
Ser professor sempre foi um grande
desafio, ainda mais da educação infantil, pois esse nível de ensino é uma das fases mais importantes na vida de uma
pessoa. Afinal, nesse contexto é que alguns traços de personalidade são
construídos, e o ambiente escolar desempenha um papel
socializador essencial, já que a criança começa a ampliar sua rede de
relações.
Primeiramente, para ser um professor da
educação infantil deve-se ter paixão pelo que se faz. Se o educador não estiver
conectado às mudanças, não buscar a formação continuada e a atualização
profissional constante, não conseguirá mais acompanhar as crianças. A formação
deve incluir, além do conhecimento técnico, o desenvolvimento de habilidades
para propor experiências variadas, particularmente as expressivas e afetivas,
para interagir com crianças pequenas. É preciso conhecer, atualizar e ampliar
saberes necessários ao fazer pedagógico para promover, no dia a dia, propostas
ricas de intenções educativas em um ambiente coletivo de aprendizagem, que
amplie a concepção de criança. Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC,
2017), é essencial imprimir intencionalidade educativa às práticas pedagógicas
na Educação Infantil.
Vale lembrar
que ter um bom planejamento, construído a partir de objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento com intenções pedagógicas bem definidas, de nada adianta se não
houver a mediação do educador. A intervenção do mediador faz-se necessária para explorar e aplicar as
experiências propostas de forma lúdica e criativa.
Nesse
sentido, o educador da Trilha estimula, por meio de
propostas criativas, a participação ativa das crianças visando a orientar e
motivar a construção de uma aprendizagem com foco no desenvolvimento das
habilidades individuais. Ele contribui para que a criança seja proativa mediante diferentes
contextos, para desenvolver sua flexibilidade e atuação perante as adversidades
que a cerca.
Para isso, é preciso treinar o olhar diariamente. Deixar os estereótipos de lado e observar, observar e observar, para que haja uma ação reflexiva ao planejar. O educador precisa ter um olhar observador e estar atendo a cada detalhe, para que possa traçar estratégias de intervenção adequadas. Como dizia Paulo Freire, o educador deve “ser um inventor e um reinventor constante dos meios e dos caminhos, com os quais facilite mais e mais a problematização […] do que se quer investigar” (FREIRE, 2002, p.17). Na medida em que, dialogicamente, ele observa e interage com as crianças, passa a orientar os espaços e a aprendizagem em uma construção coletiva, onde todos aprendem.
Ana Carla Ferreira Carvalhar Cabral
Mestre em Educação
Coordenadora de Formação Pedagógica da
Trilha da Criança