A escola exerce um papel importante no
desenvolvimento integral das crianças, especialmente na primeira infância. Mas,
os pais também devem assumir o seu papel se desejam criar filhos felizes e
prontos para lidarem com as responsabilidades e compromissos os quais a vida
adulta irá lhes apresentar no futuro.
Conviver de forma saudável com os filhos,
ser presente, interagir, brincar e até impor limites são atos de amor, que
permitem que as crianças sejam protagonistas de seu próprio desenvolvimento,
aprendendo no seu tempo e, assim, ampliando suas competências e seu lado
psicossocial. Afinal, estímulos emocionais e cognitivos realizados na primeira
infância são comprovadamente fundamentais para desenvolver as funções
cerebrais.
Há vários caminhos que podem ser
seguidos na busca por uma educação mais completa. Em todos eles, a confiança e
a parceria entre a escola e a família são indispensáveis, pois, a partir dessa
relação harmoniosa, as possibilidades de aprendizagem são ampliadas. Quando os
estímulos não são feitos de forma adequada, o desenvolvimento da criança acontece
de forma mais lenta e menos efetiva. É por meio dos estímulos que se consegue
desenvolver nas crianças vários tipos de inteligência e outros mecanismos, como
a memória e a corporeidade, que é a capacidade de usar o corpo para interagir
com o mundo externo.
Pesquisas indicam a importância de uma
boa orientação escolar nos primeiros anos de vida, que estimule a linguagem e a
alfabetização em um ambiente rico em termos de linguagem, abrangendo áreas de
desenvolvimento e que enfatizem o vocabulário expressivo e receptivo,
alfabetização e operação com números. Por isso, a escolha da escola é tão
importante.
Porém, além de escolher uma escola que
estimule os filhos, é essencial que os pais participem ativamente da sua vida
escolar. Aos educadores, afirmo que é importante trazer os pais para dentro da
escola, por meio de projetos e eventos com o intuito de despertar neles
questões que permeiam seu envolvimento em relação à educação de seus filhos, em
todos os âmbitos.
Em casa, a primeira questão é você é um
exemplo para o seu filho? Ele pode se espelhar em você? De nada adianta impor
regras e conceitos se você, como pai ou mãe, faz o inverso. Os filhos vão
sempre imitar os pais nas suas próprias atitudes.
Dizer não é outra questão que muitos
pais não sabem lidar. Nos tempos atuais, em que geralmente pai e mãe trabalham
o dia todo, a forma que muitos encontram para tirar de si a “culpa” por não
estarem presentes o tempo que gostariam é fazendo todas as vontades do filho.
Um livro, escrito em 1762 pelo filósofo Jean-Jacques Rousseau, permanece atual até os dias
de hoje. Em “Emílio
ou Da Educação“, ele diz: “Sabe qual é a maneira mais certa de
deixar seu filho infeliz? Acostumá-lo a receber tudo.”
Segundo Rousseau, se você der tudo a uma criança, seus desejos só farão crescer devido à facilidade em satisfazê-los e ela terá de lidar então com sua própria ansiedade, com sua tirania e com a decepção de o pai, em algum momento, parar de atendê-lo, já que satisfazer todas as vontades é impossível. “São sentimentos muito mais difíceis de administrar, para uma criança, e que causam mais dor do que simplesmente ter um desejo negado”, diz Rousseau.
*Ana Paula Rezende Bartolomeo é psicóloga e diretora da Trilha da Criança Centro Educacional