O berçário é um espaço adequado para o desenvolvimento de um bebê?


Autor: Trilha da Criança
Categoria: Artigos
Publicado em:

Artigo construído por profissionais da Trilha da Criança

Berçário da Trilha da Criança

Por muitas vezes os pais optam por permanecer com as crianças em casa, mas será que babás e avós estariam habilitadas para cuidar do desenvolvimento integral de um bebê? O carinho e o afeto, com certeza, estarão presentes. Porém, além dos cuidados essenciais, também é preciso oferecer atividades que envolvam a estimulação das percepções sensoriais, o desenvolvimento psicomotor, as formas de expressão e comunicação não verbal, a linguagem oral, a expressão dos desejos e a socialização para o desenvolvimento integral de uma criança.

Pesquisas científicas comprovam que os primeiros anos de vida do bebê são fundamentais para o desenvolvimento de suas emoções, da inteligência e das habilidades. As descobertas são constantes, com um crescimento rápido e intenso, uma relação direta com o contexto que o cerca e os estímulos que ele recebe.

A escola é uma importante aliada nesse processo, pois ajuda a desenvolver habilidades motoras e de relacionamento de forma orientada. E, apesar de ser raro, ter um terapeuta ocupacional na equipe de ensino dá mais sentido para as atividades pedagógicas, contribuindo para que as crianças entendam melhor a relação do próprio corpo no fazer e, assim, comecem a perceber seu papel no mundo.

Entretanto, como isso é colocado em prática? As brincadeiras, as atividades de rotina – como higiene, alimentação e vestuário – e as interações com colegas e profissionais da escola conduzem o aprendizado. O terapeuta ocupacional contribui para que seja feito de forma humanizada e individualizada, guiado pelo respeito e garantindo que a criança encontre a fluidez e a leveza necessárias para fazer e aprender.

A maneira como cada criança se envolve com o fazer, diz muito de suas habilidades e dificuldades. É neste contexto que ocorrem as intervenções terapêuticas, visando sempre, amenizar as dificuldades e ampliar a funcionalidade de cada indivíduo. Por exemplo, se oferecemos uma atividade com tinta e a criança demonstra dificuldade em lidar com o material, atuamos no sentido de facilitar e compreender qual a razão para manifestação daquela intolerância. Pode ser um simples estranhamento do desconhecido, mas pode ser uma dificuldade de lidar com as sensações que a tinta provoca no corpo.

Mas, para além dessas possibilidades de aprendizado, o mais valioso da experiência na escola é o autoconhecimento. Pode parecer utópico falar isso sobre crianças na primeira infância, mas não é isso que verificamos na prática. Bebês de oito meses, durante a refeição, já sinalizam se estão satisfeitos ou se desejam mais. É uma medida individual, que muitos não levam em consideração. Para nós, porém, indica que ele já tem certa consciência do próprio corpo. Ao validar esta manifestação, auxiliamos no amadurecimento, que levará ao desfralde, à linguagem estruturada e a tantas outras competências.


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